Segue diálogo entre homem e mulher numa discussão de relacionamento, discussão essa evitada ao longo de 4 meses:
Cenário:
Trabalhando na mesma empresa, eis que após algumas trocas de olhares, conversas de poucos minutos até estacionamento, demonstração de interesse de ambas as partes... Interesse recíproco -> abertura de caminho para novas fantasias.
Após algum tempo de tímida paquera, acontece finalmente o dia em que eles se "ficam" e eles passam a se conhecer melhor.
Ela começa a idealizar, imaginar, enquanto ele tem medo de compromisso. Ela vai levando, finge que está tudo bem... vai comendo pelas beiradas... vai aumentando a freqüência que eles saem, o tempo vai passando, vai aumentando a intimidade e a pressão implícita de dar uma definição sobre o relacionamento. Ele ainda se mostra indeciso. Estrategicamente, de vez em quando, dá uma sumida, depois aparece, ela releva. Ele nem imagina os períodos no vácuo de angústia, ansiedade e frustação que ela tem passado.
Quando eles estão juntos, ela parece esquecer, prefere ser feliz.
Na última semana, ele ficou sem dar notícias, incluso um final de semana. Um sábado depois, ele liga só pra falar um "oi". Jeito preguiçoso, não quer se esforçar demais. Ela não é boba, mas fazer o quê? Que direito ela tem de fazer qualquer cobrança? Quem é ela?
Domingo de sol, ela acorda de bom humor, resolve ser feliz, lhe envia um SMS:
- Bom dia! Dia lindo! Será que você estará livre hoje final da tarde? Faz tempo que você não tira a minha roupa... Beijos...
Poucos minutos depois, ele responde:
- Uau! Se eu não tinha tempo, agora tenho. Beijos.
Ela faz as coisas dela, vai almoçar... vem a cabeça, será que ela não deveria ter respondido algo, pra ela está implícito, vão se ver no final da tarde... depois de horas, ela pensa em enviar nova mensagem: "Pode ser lá pelas 18h00?" mas ela desisite...
Quando chega as 18h00, ela pensa em se arrumar e nenhuma notícia, ela pra assegurar de que o programa estava de pé lhe envia um novo SMS:
- Já estou em casa... Beijos...
Duas horas se passam e NADA. Lá pelas 20h e poucos minutos, ela lhe envia mais um SMS:
- Márcio... Você vem?
Uns 10 minutos depois, ele responde, de forma bem evasiva:
- Oi! Acordei agora. Perdi a hora total...
A essa altura, ela não sente nada, não está surpresa, decepcionada, ou com raiva. Ela coloca o celular pra lá... responder ou não responder? Mas também deixar assim no silêncio, há quanto tempo estava evitando um confronto... pensou... "preciso de uma resposta melhor..." e lhe escreve:
- Isso quer dizer ?
Daí ele teve que dar uma resposta mais elaborada:
- Oi! Na verdade não fiquei muito legal hoje. Não sei se por conta do calor ou do tempo seco. Fora isto, acabei bebendo cerveja o que piorou a situação.
Daí ela está digerindo essa resposta... quando chega a continuação da desculpa do rapaz:
- Sendo assim,, melhor eu ficar curando minha ressaca e cansaço. Inclusive por conta do rodízio de amanhã (acordarei cedo para ir a Valinhos). Desculpe....
Ela pensa por mais ou menos meia hora, ela tem duas opções: a-) Não responder nada. b-) Responder. Se ela não respondesse nada, ficaria tudo por isso mesmo, e um dia qualquer ele a procuraria como se nada tivesse acontecido e mais uma vez, ela fingiria que está tudo bem... ou... ele continua a enrolando até ela desistir e eles nunca mais ficarem juntos, para esses dois cenários, ela perderia o respeito, seu orgulho ferido, diria: fez papel de idiota. Cair no esquecimento assim? Não. Se é pra esquecer e ser esquecida que seja ela agora a autora dessa decisão. Então, se ela respondesse, ela teria ali a oportunidade de falar alguma coisa que estava entalada... desabrochar, expressar de alguma forma sua insatisfação.
Aquela era a hora de mostrar que ela não era tão idiota assim, ops, compreensiva. E que mais ela teria a perder? Estava valendo a pena, toda aquela angústia, vácuo, por futuros alguns bons momentos de companhia, mas sem expectativa alguma de algo mais que ele pudesse lhe oferecer. Respondeu:
- Eu vou te poupar de qualquer mensagem agressiva... Eu poderia estar na Vila Madalena com as minhas amigas... Tomando cerveja.. Mas afinal... Quem se importa? A escolha de querer ficar com você foi minha... O mais engraçado que apesar do "bolo" não estou decepcionada... tampouco, surpresa... e no final das contas, o que você falaria? "Ah, ela tava afim de mim e depois deu um pity... Blá blá blá". Então vamos deixar pra lá... Beijos. Se cuida...
Foi tomar banho, tirou a maquiagem... pôs pijama, não esperava resposta alguma, "que se dane", pensou... "não estava bom mesmo pra mim", mas quase meia hora depois, ele respondeu:
- Desculpe mesmo! Perdi a hora, mas vc não sabia disto. Não imaginei que te tiraria de um grupo de amigos.... Fique bem.
Daí se ele esperava amenizar a situação, só provocou ainda mais sua ira. Como assim "Fique bem." e como assim não imaginou? E a expectativa, a roupa, a maquiagem? Não pensou duas vezes, agora, mais uma oportunidade de falar poucas e boas, enviou:
- O ponto não é nem o "hoje"... mas deixe pra lá... Afinal o que a gente tinha? Só um envolvimento superficial mesmo... Então nem quero te chatear com esse tipo de conversa... você não tem culpa de nada... Eu tava consciente o tempo todo... Interpretando os sinais... foram escolhas e se eu insisti é porque sei lá... Então sem drama... E não se preocupe eu vou ficar bem sim... Bjo.
Após enviar a mensagem acima, se empolgou, e resolveu enviar outra:
- Sabe esses dias eu li uma frase engraçada no twitter que dizia: "Não trate como lançamento quem te trata como liquidação" sei lá achei apropriada pro momento... Com um toque de humor :) vai ficar tudo bem... Gosto muito de vc e te admiro muito... Beijos...
E nessa hora, ela chorou, mais uma escolha de relacionamento errado, novamente sozinha, agora está tudo escancarado, o confronto até então evitado, tudo agora estava às claras, as expectativas diferentes de cada um... quando veio a resposta dele:
- Olha, novamente peço desculpas por atrapalhar sua noite, mas não é para tanto... Conversaremos ok? Beijos.
Daí depois dessa resposta, ela sorriu, ia falar mais o quê? Pra ele, era muito prático, ela estava exagerando! Então, ela caiu na real, que por mais que discutissem não iam chegar a lugar algum, simplesmente porque pensam e querem coisas diferentes. Iam conversar o quê, até que seria interessante, porque ela ainda tinha tanta coisa pra falar, ou melhor, desabafar, mas ele nem estaria interessado, ou talvez, o máximo que iam conseguir, era ele enrolá-la com mais algum pedido de desculpas, afinal, ele se preocupa em manter ali um "step" e poderiam postergar mais um pouco dessa situação, mas até quando? Melhor era acabar isso de vez.
E então, ela fez um lanche, estava com fome, pensou, acendeu um cigarro... e respondeu:
- Fique tranquilo... Não precisa se desculpar pela noite... Falo isso da sacada do meu apto tragando um cigarro e tomando uma taça de vinho... Amanhã nem vou lembrar mais disso... Durma bem! Bjos.
Bom, agora era uma win win situation, ela ganhara de novo a liberdade e se refazer do zero, ou ainda a possibilidade de uma conversa pra por os pontos nos iis...
Mas pensou bem: o que eles iriam conversar? Se já não conversaram antes que tinham algo, iam conversar agora que acabou?
Foi dormir e antes de adormecer, concluiu: O resumo das discussões de relacionamento se resume em: Ela, frustada porque ele não entendeu (ou não quis entender) realmente qual era o ponto. Ele, bom, tudo que ele se lembrará é que ele estava ficando com uma menina, e um certo dia, ela deu uma de doida.